Editora: Fantasy –
Casa das Palavras
Páginas: 302
Existem pessoas normais em nosso planeta. Homens e mulheres
simples que nascem e morrem sem deixar uma marca muito grande ou mesmo
significativa na humanidade. Mas existem outros que possuem talentos
inexplicáveis. Um brilho próprio capaz de tocar gerações. Como eles conseguem
ter esses dons? De onde vem a inspiração para criar trabalho maravilhosos? São
cantores com vozes de anjos, artistas com mãos de criadores e escritores
imortais. Existe uma explicação para isso. Sophia é uma Leanan Sídhe, uma
fada-amante, considerada musa para humanos talentosos. Ela é capaz de seduzir e
inspirar um homem a escrever um best-seller ou criar uma canção para se tornar
um hit mundial. A fada dá o poder para que a pessoa se torne uma estrela, um
verdadeiro ícone, ao mesmo tempo em que se aproveita da energia do escolhido
para alimentar-se. Causando loucura. E morte.
Eu demorei muito para escrever essa resenha, porque eu
entrei em uma ressaca literária depois de ler “O Inverno das Fadas”. Não sabia
o que pensar do livro, não sabia o que queria ler em seguida, e foi um pouco
difícil colocar a cabeça no lugar, sentar e digitar essa resenha. Mas eu vou
parar com o drama, e ir direto ao ponto. O livro é bom, eu adorei, e vou contar
o porquê.
Sophia é uma fada. Mais especificamente, ela é uma Leanan
Sídhe. O que isso significa? Que ela aparece para os humanos talentosos
(cantores, escritores etc), se transforma em uma musa inspiradora para eles,
rouba sua energia, sua sanidade e seu amor próprio, fazendo com que eles fiquem
viciados nela e, consequentemente, se matem – porque não conseguem viver
sabendo que ela nunca será deles.
A vida de Sophia continua igual, até que ela conhece
William, um escritor inglês que começa a povoar seus pensamentos. A princípio,
ela pensa nele como uma “presa” normal. Mas logo no primeiro encontro, a fada
percebe que não exerce controle total no humano, e que este parece tê-la “na
palma de sua mão”. Mesmo tentando retomar o controle, Sophia não consegue – e é
quando o seu destino muda.
A fada está constantemente nos pensamentos do escritor, que
a usa como inspiração para um livro que está escrevendo. Isso é ótimo, pois faz
com que Sophia fique mais cheia de energia, mais viva. Mas o contrário também
acontece: ela não consegue deixar de pensar nele por um segundo sequer. Ela se
envolve com William como nunca se envolveu com nenhum outro humano, chegando ao
ponto de amá-lo. Mas seu romance não pode acontecer, por causa de sua natureza.
Se ele não morrer... Ela morrerá.
Ah, como eu queria poder contar mais a vocês! Mas como o
conteúdo principal do livro – que é o romance proibido entre a fada e o humano
– já é bem explícito e o final talvez
seja óbvio, tenho que deixar o mistério exatamente onde ele está – nos pequenos
detalhes e acontecimentos ao longo da estória. Talvez essa seja a cartada
principal da Carolina, que me conquistou de primeira: as pequenas reviravoltas
que “O Inverno das Fadas” traz.
Eu já esperava um livro bom, e minhas expectativas foram
alcançadas. Adorei o contexto no qual a Carolina introduziu as fadas, e gostei
muito também das personagens bem trabalhadas e importantes – cada uma do seu
jeito – na estória. Outra coisa que achei muito legal foi o dilema da Sophia:
continuar com William ou deixá-lo? Aí entra aquele negócio do amor, e de como
quando você ama uma pessoa, pensa no bem-estar dela, mesmo que para ela ficar
bem, você tenha que se machucar. As atitudes da Sophia no livro foram realmente
a de alguém que está apaixonada – ou melhor, que ama outra pessoa.
Eu recomendo “O Inverno das Fadas”. Além de ser literatura
nacional – fala sério, temos que começar a dar mais valor para a cultura
brasileira, hein! –, eu gostei muito do tema e do desenvolvimento da estória. A
narrativa é rápida, também. Só que você tem que ler totalmente concentrado no
livro – eu me perdi algumas vezes porque estava “viajando”. A Carolina também é
autora de “A Fada”, seu primeiro romance, outro livro que eu estou doida para
ler. Por enquanto, me contento com este, que é muito bom.
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