sexta-feira, 8 de junho de 2012

Resenha: Lázarus

Lázarus, por Georgette Silen
Editora: Novo Século
Páginas: 376
Mistério, romance, alta tecnologia, sangue e morte passam a cercar a vida de Laura Vargas, museóloga brasileira, após ela aceitar um surpreendente e inesperado convite para assumir o cargo de curadora de arte no The City Museum of Art and Gallery, em Bristol, sudoeste da Inglaterra,a cidade natal da família de seu pai. Disposta a começar uma nova vida ao lado da filha adolescente, Cinthia, Laura se surpreende ao descobrir que nem todos são aquilo que aparentam ser e que a eternidade é muito mais do que um conceito, ou uma simples palavra, quando ela encontra o Lázarus e recebe dele o seu “dom”. Agora, Laura precisa fugir de seus perseguidores, interessados em obter a “cura” milagrosa para todos os males, o dom ofertado pela misteriosa criatura lendária, e que se concentra em seu sangue.


“Lázarus” é o último livro que eu recebi do Book Tour do Selo Brasileiro. Eu demorei um pouco para começar a lê-lo, e demorei um pouco também para terminá-lo, mas se posso descrevê-lo com apenas uma palavra, é a seguinte: Surpreendente. E por isso mesmo, desculpem-me se eu não conseguir expressar direito o que eu senti lendo o livro – porque ele é muito bom.

Laura Vargas é uma museóloga brasileira que está se mudando para Bristol, Inglaterra, por ter sido contratada para o cargo de curadora de arte no “The City Museum of Art and Gallery”. Ela, que tem dupla nacionalidade – brasileira e inglesa – vai para a casa de sua falecida avó levando Cínthia, sua filha adolescente, na espera que sua vida melhore, e que ela cresça profissionalmente.

Um dia, em uma “festa” no museu – abertura da exposição do Van Gogh, que ela organizou – Laura conhece o irmão de sua chefa, Clementine, chamado Robert – que lhe cativa os olhos no momento em que ela o vê. Robert e Laura começam a se ver frequentemente, até que assumem um romance.

"Robert me abraçou num ímpeto.
- Sim. No momento em que você falou “Consegui! Vejam, eu consegui!”, sua mensagem mental cruzou nossa cabeça – ele sorria abertamente. – Laura, você nos comunicou em pensamento. Você fez a conexão mental, agora já pode mandar e receber mensagens. Sua mente se abriu para o grupo.” (Página 214).

Enquanto isso, Bristol está sendo assombrada por um assassino impiedoso, que drena o sangue de suas vítimas, deixando-as com uma expressão assustadora. Kate, assistente de Laura e estudante da universidade local, é uma das vítimas, mas consegue sobreviver – porém fica praticamente em estado vegetativo. Laura sente-se culpada, pois no dia da exposição das obras de Van Gogh ela viu olhos vermelhos espreitando-a, e ela acha que eles pertencem ao assassino. Robert tenta convencê-la de que ela não teve culpa, mas para tal, ele teria que revelar sua verdadeira identidade.

Um dia, a própria Laura acaba sendo vítima do assassino, que lhe deixa à beira da morte. Robert, num ato desesperado, decide transformá-la na mesma criatura que ele: um vampiro. E é o que ele faz. Porém, dois anos depois, Laura descobre que a mordida de um Lázarus pode curar tudo... Inclusive o vampirismo.

Vocês não fazem ideia do quanto “Lázarus” me surpreendeu. Eu não tinha lido a sinopse, não sabia sobre o que se tratava o livro, e nem o título, nem a capa dizem muito sobre a estória. Então imaginem a minha surpresa quando eu passei a parte lenta do livro – cerca de cem páginas – e descobri que se tratava de vampiros? Ou, melhor ainda: de outro ser mitológico, até então tratado como lenda, que é conhecido como “A Cura”?

"(...) Ainda não posso afirmar com certeza, Laura, vou ter que pedir que me deixe fazer alguns exames em você antes, mas minha teoria é a de que vai manter essa temperatura, porque seu corpo agora possui resposta imune total contra qualquer tipo de vírus ou bactérias. A sua nova temperatura funciona como uma espécie de “alerta corporal constante”, como se você vivesse com febre e, consequentemente, com o sistema imunológico preparado – ele concluiu. – Antes mesmo que você perceba algo de errado, seu corpo já terá eliminado a ameaça.” (Página 303 – Carlo explicando para Laura uma de suas reações após o aparecimento de Lázarus).

Eu gostei das personagens, as achei bem construídas e bem colocadas no contexto da estória. Podemos sentir a angústia do Robert quando a Laura está à beira da morte, a revolta dela, recém-transformada em vampira... E eu, pelo menos, senti muita raiva do Avelar, que ficou arquitetando planos para começar uma guerra contra os Di Feveré (o clã de Clementine) e os clãs que são seus amigos. Com isso, posso concluir que a Georgette foi bem eficiente na construção de suas personagens – e também da sua estória, super criativa e cheia de reviravoltas.

Mas é claro que nem tudo é perfeito, e há sim pontos contra. Para começar, eu achei o começo do livro meio lento. Foi difícil me manter focada, mas eu consegui – e valeu a pena, porque mais ou menos após a centésima página, lá para a segunda parte do livro (que é dividido em três), eu consegui engatar a leitura, e a estória se desenvolveu melhor. Outra coisa: eu achei bem legal a mudança de narrativa, mas seria bom ter alguma indicação sobre qual personagem está narrando naquela vez (até para facilitar o entendimento da estória e das emoções narradas). E por último, a linha do tempo; eu me confundi um pouco com ela. A estória começa no presente, depois volta três anos, quando Laura estava se mudando para Bristol, e algumas vezes ela avança no tempo, para então voltar ao tempo natural da narrativa. Não é algo que prejudique completamente, mas me senti perdida várias vezes.

Por fim... Vale muito a pena ler “Lázarus”. Ao que tudo indica, o livro faz parte de uma série – já que o final é inconclusivo – mas eu pesquisei e não achei nenhum livro que seja o volume seguinte a este; isso é ruim, porque estou muito curiosa para saber o que acontecerá com a Laura em seguida ao último acontecimento narrado neste livro. Ah, e queria dizer também que não gostei muito da capa, acho que ela pode ser mais chamativa e mais relacionada à estória. Mas não julguem! O livro é muito bom.


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